Assassinata in Brasile la leader quilombola Mãe Bernadete
Con tristezza riceviamo la notizia dell’assassinio di Maria Bernadete Pacífico, conosciuta come Mãe Bernadete e Dona Bernadete. Tristezza, rabbia, affetto.
Mãe Bernadete è Ialorixá, Difensora di Diritti Umani Quilombola, Leader del Quilombo Pitanga dos Palmares, Coordinatrice nazionale della CONAQ. 72 anni. Una vita dedicata alla difesa del territorio ancestrale, dell’identità, della libertà di espressione religiosa, del rispetto, dei diritti quilombolas. Assassinata nella notte del 17 agosto 2023 nella sua casa, nel suo quilombo, localizzato nel municipio di Simões Filho, nella regione metropolitana della città di Salvador, a Bahia. Dove sei anni fa anche il figlio, Binho do Quilombo, fu assassinato brutalmente. Con la stessa colpa: lottare per i loro diritti, resistere per esistere.
Bernadete se ne va senza che la morte del figlio Binho abbia trovato giustizia, una giustizia che cercava e gridava in ogni spazio, ricordando allo Stato la responsabilità nella garanzia dei diritti umani e denunciando le continue violazioni sui corpi e territori quilombolas. Una donna, nera, che nonostante le intimidazioni, le minacce ed i rischi, assume un impegno inderogabile, con il suo corpo, la sua voce.
L´assassinio di Dona Bernadete ci ricorda ancora una volta cosa siginifica in Brasile difendere il territorio, difendere l´ambiente, difendere i diritti quilombolas. Cosa significa esporsi, alzare la voce. E Dona Bernadete lo aveva ricordato ancora una volta lo scorso mese al Supremo Tribunale Federale:
“Penso che quando si arriva alla morte, la rivolta sia già molto grande. L’incuria delle autorità, specialmente quando si tratta del popolo nero (…). Di recente ho perso un altro amico ed un´amica, anche loro di un quilombo. Ecco cosa riceviamo: minacce. Principalmente da fazendeiros e persone della regione. Oggi vivo così: non posso uscire che subito mi perquisiscono, la mia casa è circondata da telecamere, mi sento anche male per una cosa del genere. Ma è la realtà.”
Bernadete ancora oggi è una Ialorixá, una Difensora di Diritti Umani Quilombola. Dona Bernadete non è stata silenziata, le sue parole ed azioni sono parte della cultura, della spiritualità e della lotta di un popolo quilombola che come lei non si dà per vinto, che resiste da sempre per difendere un territorio che gli appartiene.
Ci stringiamo alla famiglia, agli amici e alla comunità quilombola di Pitanga dos Palmares, alla CEAQ – Coordinamento Quilombola dello Stato di Bahia e alla CONAQ – Coordinamento Nazionale delle Comunità Quilombolas.
Pretendiamo giustizia per Dona Bernadete e per Binho, vittime di un sistema oppressore e razzista, e protezione per la loro famiglia, per i difensori di diritti umani. Esigiamo che sia fatta luce, che chi ha deciso e commesso questo crimine venga responsabilizzato, perché l’impunità porta solo altra violenza.
Chiediamo la regolarizzazione dei territori quilombolas. Nenhum quilombola a menos! Nenhum quilombo a menos! Dona Bernadete Presente!
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É com tristeza que recebemos a notícia do assassinato de Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete e Dona Bernadete. Tristeza, raiva, afeto.
Mãe Bernadete é Ialorixá, Defensora de Direitos Humanos Quilombola, Liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, Coordenadora Nacional da CONAQ. 72 anos. Uma vida dedicada à defesa do território ancestral, da identidade, da liberdade de expressão religiosa, do respeito, dos direitos quilombolas. Assassinada na noite de 17 de agosto de 2023 em sua casa, em seu quilombo, localizado no município de Simões Filho, na região metropolitana da cidade de Salvador, Bahia. No mesmo lugar onde há seis anos seu filho, Binho do Quilombo, também foi brutalmente assassinado. Com a mesma culpa: lutar por seus direitos, resistir para existir.
Bernadete parte sem que a morte de seu filho Binho tenha encontrado justiça, uma justiça que ela buscou e gritou em todos os espaços, lembrando ao Estado sua responsabilidade na garantia dos direitos humanos e denunciando as contínuas violações sobre os corpos e territórios quilombolas. Uma mulher, negra, que apesar das intimidações, ameaças e riscos, assumiu um compromisso irrevogável, com seu corpo, sua voz.
O assassinato de Dona Bernadete nos lembra mais uma vez o que significa no Brasil defender o território, defender o meio ambiente, defender os direitos quilombolas. O que significa se expor, levantar a voz. E Dona Bernadete denunciou isso novamente no mês passado no Supremo Tribunal Federal:
“Acho que quando chega até a morte, a revolta já é muito grande. O descaso das autoridades, principalmente quando se trata do povo negro (…). Recentemente, perdi um outro amigo e amiga de quilombo também. É o que nós recebemos: ameaças. Principalmente, de fazendeiros e de pessoas da região. Hoje, vivo assim: não posso sair que estou sendo revistada, minha casa é toda cercada de câmera, me sinto até mal com um negócio desse. Mas é o que acontece.”
Bernadete continua sendo uma Ialorixá, uma Defensora de Direitos Humanos Quilombola. Dona Bernadete não foi silenciada, suas palavras e ações fazem parte da cultura, da espiritualidade e da luta de um povo quilombola que, como ela, não desiste, que sempre resistiu para defender um território que lhes pertence.
Abraçamos a família, os amigos e a comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares, a CEAQ – Coordenação Quilombola do Estado da Bahia e a CONAQ – Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas.
Exigimos justiça para Dona Bernadete e Binho, vítimas de um sistema opressor e racista, e proteção para sua família, para os defensores dos direitos humanos. Exigimos que se faça luz, que aqueles que decidiram e cometeram esse crime sejam responsabilizados, porque a impunidade só traz mais violência.
Exigimos a regularização dos territórios quilombolas. Nenhum quilombola a menos! Nenhum quilombo a menos! Dona Bernadete Presente!
Foto: conaq.org.br